A PROPAGANDA como GRANDE Tática de ascensão do NAZISMO
Todos os princípios da
tática desenhada por GOEBBELS utilizavam de propaganda para se infiltrar no imaginário do povo alemão - sem que este percebesse e se desse conta da real intenção por
trás daquela “propaganda”.
Segundo RODRIGUES (2004):
A
palavra propaganda apareceu pela primeira vez em 1622, quando o papa Gregório
XV convocou uma comissão de cardeais – a Congregatio Propaganda Fiade – para
difundir a palavra cristã em missões estrangeiras. Durante 300 anos despertou
interesse de muita gente ... mas foi só em 1925, a partir do primeiro encontro
entre Adolf Hitler e Joseph Goebbels,
que os estudos sobre a capacidade de manipular as massas, na teoria e na
prática, começaram a se desenvolver cientificamente. As práticas mais modernas
do marketing, baseadas em pesquisas nas emoções humanas mais do que na razão,
têm seu berço no nazismo (grifo nosso).
Propaganda – da teoria à prática: uma análise da propaganda
nazi
Em conformidade com a
Dissertação de PAIS (2012)...
Ø O primeiro princípio defende a ideia de que o propagandista
deve sempre ter acesso a toda a informação secreta (...) documentos esses
desenvolvidos, então, para fornecer ao propagandista toda a informação
necessária para construir a propaganda da maneira mais eficaz possível...;
Ø O segundo princípio retirado dos manuscritos nazis. É um
princípio que vai ao encontro do ideal nazi da autoridade central [a propaganda
deve também ser planeada e executada por apenas uma autoridade] ... Os manuscritos afirmam que Hitler concordou com esta visão de
Goebbels, no entanto, este nível de uniformização não chegou a ser alcançado;
Ø O terceiro princípio retirado do manuscrito, diz ' que as
consequências de uma ação de propaganda devem ser consideradas no planeamento
da própria ação (...) Segundo Goebbels, os resultados devem ser sabidos de
antemão porque “é mais importante para um
propagandista ajudar a planear um evento do que racionalizar um que já tenha
ocorrido”;
Ø O quarto princípio apresenta a ideia de que a propaganda deve
afetar as políticas e as ações do inimigo. Goebbels considerava que a
propaganda era um “braço da guerra”
e, por isso, para além de prejudicar a moral do inimigo, a propaganda, deveria
ainda afetar a política e as ações dos inimigos...;
Ø O quinto princípio ' afirma que as informações operacionais
devem estar disponíveis para implementar uma campanha propagandística (...) Goebbels,
para demonstrar a amizade existente entre a Alemanha e a Finlândia, convida um
grupo de crianças finlandesas a passar férias na Alemanha;
Ø O sexto princípio ' teoriza que, para ser percebida, a
propaganda deve evocar os interesses da audiência e deve ser transmitida
através dos meios de comunicação (...) Dizia Goebbels: “é muito trabalhoso criar os noticiários semanais e torná-los armas
eficazes de propaganda (...) mas é um trabalho que vale a pena: milhões de pessoas
constroem a sua percepção ... a partir dos noticiários”;
Ø O (sétimo) princípio ' tem por
base a verdade ou a mentira. Diz este ' princípio que é a credibilidade que vai
determinar se a propaganda se deve cingir à verdade ou se deve mentir...;
Ø O oitavo princípio da propaganda nazi teorizado por Goebbels '
debate o objetivo, o conteúdo e a eficácia da propaganda inimiga, a força e os
efeitos de uma exposição e a natureza das campanhas propagandísticas atuais que
irão determinar se a propaganda inimiga deve ser ignorada ou se, pelo
contrário, merece uma refutação...;
Ø O nono princípio ' foi desenvolvido a pensar na
credibilidade, uma vez mais, mas também na inteligência e nos possíveis efeitos
da comunicação que determinam se os materiais propagandísticos devem ou não ser
ignorados. Goebbels, enquanto responsável máximo pela propaganda num regime
totalitário, recorria à censura...;
Ø O décimo princípio pelo qual a propaganda nazi se regia teoriza
que a propaganda inimiga pode ser usada quando, com ela, se consegue
enfraquecer o prestígio do inimigo...;
Ø O décimo primeiro princípio presente nos manuscritos
estudados ' refere que a propaganda “White” pode ser substituída pela propaganda
“Black”, quando a primeira se tornar menos credível ou produzir efeitos
indesejáveis (neste ponto, principalmente e mais que em outros, recomenda-se a
leitura do original - link ao final)...;
Ø O décimo segundo princípio ' afirmava que a propaganda saía
favorecida quando os líderes tinham prestígio. A ideologia nazi sempre salientou
a importância da liderança... Goebbels esperava que os alemães se sentissem
submissos a ... um líder prestigiado. E não se enganou. Sempre que os discursos
de Hitler eram utilizados em propaganda, os resultados eram sempre superiores
aos da propaganda onde não tinham sido usados. E ' em alturas de crise ' os
alemães recebiam a mensagem propagandística com muito mais entusiasmo. Por esse
motivo, ' um líder só serve a propaganda quando tem prestígio. De outra forma,
é completamente dispensável;
Ø O décimo terceiro princípio reporta para o timing da propaganda. Segundo Goebbels,
a propaganda deve ser cuidadosamente cronometrada (...) o propagandista devia
agir de maneira que a propaganda que este construiu chegue à audiência antes da
propaganda adversária. Para apoiar esta afirmação, serve-se ' de mais uma
afirmação atribuída a Goebbels, retirada dos manuscritos: “Quem disser a primeira palavra tem sempre razão”;
Ø O décimo quarto ' princípio 'd'a propaganda dever distinguir
os eventos e as pessoas através de frases ou “slogans”. ' Goebbels valorizava muito as frases chamativas e os slogans. O Ministro ' nazi sumarizava a
propaganda em pequenas frases chave, (...) Admitia Goebbels que a experiência obtida num evento era
mais eficaz que a sua descrição verbal, ' afirmava que as palavras tinham um
grande efeito no público (...) Os slogans deveriam
' ser elaborados de forma a ser facilmente aprendidos. Aqui, Goebbels põe em
prática a “Lei da Simplificação”;
Ø O décimo quinto princípio aborda a questão das falsas
esperanças. Segundo este princípio da propaganda de Goebbels, a propaganda
destinada à população civil deveria evitar causar falsas esperanças que
pudessem vir a ser abaladas por acontecimentos futuros (aqui, talvez, o
único princípio desconsiderado pelos nazifascistas atuais)...;
Ø O décimo sexto princípio é 'a ansiedade... a propaganda
deveria reforçar a ansiedade relacionada com as consequências de uma derrota...;
Ø O décimo sétimo princípio da propaganda nazi, ' destinada à
população civil deve contribuir para a diminuição da frustração, e esta questão
está, de novo, relacionada com o tema das falsas esperanças...;
Ø O penúltimo princípio (18o) aborda o
ódio e, ' o facto de a propaganda ter por função direcioná-lo... A ideia de
Goebbels ' era fomentar a suspeita, a desconfiança e o ódio entre os inimigos e
entre pequenos grupos minoritários '. Assumia que a base para a hostilidade '
já existia por razões históricas ou como consequência de frustrações '. A sua
função era, então, direcionar a agressão para os campos que melhor servissem a
causa nazi;
Ø O último princípio (19o) ... atribuído
a Joseph Goebbels, afirma que a propaganda não pode afetar diretamente as
tendências, os comportamentos, deve sim, fornecer novas formas de atuação ou
diversão, ou ambas... faz referência à distinção que Goebbels fazia entre duas
palavras de língua alemã, “Haltung”,
que significa conduta, comportamento observável, e “Stimmung” que, por sua vez, significa espírito, sentimento ou
disposição. O objetivo de Goebbels seria, então, o de incutir no povo alemão
estes dois compostos da moral, da forma mais favorável possível...
ABDAL, A. Propaganda – da teoria à prática: uma análise da propaganda nazi. Tese (Doutorado em Sociologia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 261. 2015.
REFERÊNCIAS
RODRIGUES, Cláudia. Técnicas de Goebbels expostas às claras. Observatório da Imprensa. São Paulo, 14 de dezembro de 2004. Observatório da Propaganda. Disponível em: https://www.observatoriodaimprensa.com.br/observatorio-da-propaganda/tecnicas-de-goebbels-expostas-as-claras/.
Acessado em 11 out. 2022
PAIS, S, S. Propaganda - da teoria à prática: uma análise da propaganda nazi. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Ciências Sociais e Humanas, Universidade da Beira Interior. Covilhã / Portugal (p. 67 a 76) - 2012. Disponível em: https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/2796/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Mestrado%20-%20Sandra%20Pais.pdf.
Acessado em 11 out. 2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço as eventuais colaborações!