Esta é a síntese da
questão, como expus e documentei no meu livro
“Globalização versus Desenvolvimento:
Não existe país que se tenha desenvolvido, havendo entregado seu mercado a
empresas comandadas por capitais estrangeiros.
Portanto, o conceito de
“transferência de tecnologia” no Brasil só tem sentido na direção inversa
àquela em que costumam falar dele: de brasileiros para as transnacionais dos
países ditos desenvolvidos, ao contrário do que acontece(u) nos países
realmente em desenvolvimento.
Agradeço ao Prof. Weber
de Figueiredo, da UFRJ, por me ter transmitido um exemplo típico
da ilusão "desenvolvimentista”
fomentada por
JK: a eliminação de mais um projeto de indústria nacional, a Romisetta:
“O governo JK abriu linha de
financiamento subsidiado destinado às multinacionais de automóveis
que se estavam instalando no Brasil. A nacional Romi também pleiteou o
financiamento, deixando os burocratas embaraçados, pois o financiamento fora
pensado apenas para as multinacionais. Mas uma solução engenhosa foi
encontrada. O governo baixou uma portaria definindo que automóvel é o
veículo que tem dois bancos, o dianteiro e o traseiro! E, assim, a brasileira
Romi foi jogada para escanteio, ficando fora do financiamento oficial, falindo
a sua linha automotiva.”
A Romisetta era um carro leve, de um só
banco.
O Brasil foi programado
pelo império anglo-americano para ser uma área de exploração de recursos
naturais, em condição semelhante à maioria dos países africanos, submetidos
ao mesmo tipo de intervenção. Além disso, em base de lucros provenientes
também da indústria, controlada pelas transnacionais.
Foram elementos-chave da
estratégia para que esse programa tenha sido realizado a pleno contento das
potências imperiais e associadas:
1) a intervenção política
e militar diretamente junto aos governos brasileiros;
2) a intervenção do dinheiro e da corrupção
nas eleições, no sistema formalmente democrático;
3) o genocídio cultural;
4) o fomento da
crença em que a entrada do capital estrangeiro favorece o desenvolvimento,
complementa a poupança nacional, e em outras falácias.
Os entreguistas,
culminando com os mega-entreguistas Collor e FHC, radicalizaram a
aplicação dessa fé bizarra e fatal. Foram muito além da simples abertura ao
comércio: fizeram o Estado brasileiro subsidiar os investimentos diretos
estrangeiros, de forma inacreditável, e discriminar contra o capital
nacional.
O Brasil não deixará de
ser um país saqueado e enganado pela conversa fiada, enquanto não se
reverter, de modo cabal, tudo isso e a mentalidade subjacente.
Eis algumas consequências
para um país que participa do BRICs e pleiteia assento permanente no Conselho
de Segurança da ONU, só para ser enrolado pela potência dominante:
"Dos 25 navios da Marinha
de Guerra do Brasil apenas 14 estão em condições de navegar, e dos seus 23 aviões
apenas um tem
condições de levantar voo. Enquanto isso, a Rússia, a Índia e a China são potências
nucleares, detentoras
de tecnologia militar de altíssimo nível..."
"Não produzimos sequer uma calculadora
de bolso, pois falta-nos até fábrica de chips – somos
meros montadores de aparelhos eletrônicos."
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Autor:
Adriano Benayon é Doutor em Economia e autor
de
“Globalização versus Desenvolvimento”
abenayon.df@gmail.com
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