NA PONTA DA LÍNGUA
Cheia
de graça é a nossa língua, portuguesa.
Você
nem precisa aprender o á-bê-cê para rir com ela.
Desde
pequeno já houve dizer que mentira tem pernas curtas.
E
mentira tem pernas?
E
a verdade? A verdade tem pernas longas?
E
quando dói a barriga da perna?
Ou
quando ficamos de orelha em pé?
O
que barriga tem haver com a perna, e orelha com o pé?
Pra
ser divertido, não leve nada ao pé da letra!
Até
porque letra não tem pé. Ou tem?
Pé
de meia é o dinheiro que a gente economiza.
Pé
de moleque. Doce de amendoim.
Dedo
de prosa é papo rápido.
Dedo-duro
é traidor.
Pão-duro,
pessoa egoísta.
E
boca da noite? E céu da boca?
É
uma brincadeira atrás da outra!
Cabeça
de cebola, dente de alho, braço de mar.
Com
a nossa língua, a gente pode pegar a vida pela mão.
Pode
abrir o coração. Pode fechar a tristeza.
A
gente pode morrer de medo e, ao mesmo tempo,
estar
vivinho da silva.
Pode
fazer coisas sem pé nem cabeça.
Mas
brincar com palavras também é coisa séria.
Basta
errar o tom e você vai parar no olho do furacão.
Então,
divirta-se. Cuidado só para não morder a língua
portuguesa.
João
Anzanello Carrascoza, redator de propaganda
e professor da Escola de
Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo.
Fonte: Boletim
Informativo do Sistema FAEP
(Federação da Agricultura do Estado
do Paraná)
Ano XXVII, no 1240 –
04/11 a 10/11/2013.
Versão digital disponível em:
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