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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Como identificar um Capitalista?

Pois bem, compartilho aqui com vocês, minha "teoria" de
Como identificar um Capitalista:

Para melhor capacitar os eventuais leitores desta história, no sentido de compreender da melhor forma possível, minha “tese” de como identificar um capitalista, faz-se necessário primeiramente que lhes relate algumas outras historinhas

Vou começar pela minha infância. Quando ainda era molequinho, meu saudoso avô paterno morava num sítio, aqui mesmo nesta região dos Campos Gerais do Paraná. Onde costumávamos passear com a família, passar férias colegiais, etc

Recordo-me perfeitamente como eram os costumes - daquele povo - da família de meu falecido avô e seus circunvizinhos. Eles repartiam, dividiam-se quase de tudo, quando alguém “carneava” como eles diziam, ou seja, matava um porco (por exemplo), repartia com os vizinhos, quando uma família ficava sem leite, porque sua vaca não estava momentaneamente produzindo, sempre tinha quem lhe provesse, com pelo menos um litro de leite caipira. E um fornecia mandioca para fulano, que lhe doava hortaliças, outro cedia feijão crioulo, para o cicrano, que dava uns ovos caipira para o beltrano. E a vida seguia, sem energia (elétrica é claro), mas com muita sinergia

Avançando o tempo um pouco mais para frente, comigo já adolescente, minha avó materna (também saudosa), veio morar com a gente. E seus costumes eram praticamente os mesmos, apesar de morarmos na cidade, e de não termos produtos crioulos para dividir com os vizinhos, repartíamos o que tínhamos, poderia ser um bolo, uma carne assada, ou algo que tivesse vindo do sítio do meu avô. E os vizinhos faziam o mesmo para conosco. E minha avó adorava isso. Lembro de que quando uma criança qualquer, oferecia algo para mim, por exemplo, minha avó já falava: pegue fio, pegue para não deixar cainho

E ela ainda criticava quem não compactuava desse sistema, dizendo: “fulano é do tipo só venha, vosso reino nada!”. Se referindo àqueles que não tinham muito o costume, de estar repartindo as coisas com os vizinhos. E foi praticamente dessa maneira, que eu fui, digamos, criado

E hoje em dia, ainda percebo as pessoas realizando essa prática, ela apenas migrou para alguns momentos específicos. Quando por exemplo, se resolve fazer um churrasco entre amigos, alguma festa em família, um almoço de Natal com as famílias reunidas, etc

Mas em contrapartida, sempre aparece alguém de “ratão”, como dizem a rapaziada por aí. Ou quando vai se dividir uma cervejada no boteco, não é tão raro perceber alguém se esquivando, de “rachar” a conta, como diz o pessoal. E esse tipo de indivíduo, é logo rotulado de “mão-de-vaca”, “curu”, e outros termos mais. Talvez porque tenha sido infantilmente um “cainho”, como diria minha falecida avó

E para não fugir à regra, isso já aconteceu comigo, e alguns dias atrás, estávamos numa roda de amigos, tomando uma “gelada”, quando de repente, alguém teve a ideia de que poderíamos comprar uma carne, para fazermos o tal “tira-gosto”. Logicamente, partiu-se do velho princípio da partilha, resolvemos associar-nos, popularmente falando, decidimos fazer uma “vaquinha”, para a compra da carne. E para meu quase espanto, um colega que estava ao meu lado, disse que não ia poder ficar, que tinha compromisso, e que por isso não iria colaborar para com a compra da carne

Enfim, os demais reuniram um “cincão” daqui, um “deizão” dali, sete ou oito reais, de outros mais, e foi comprada a tal carne. E pouco depois, quando já estávamos a saboreá-la, adivinha quem reapareceu? Obviamente, o “caro” colega, que quase havia me causado espanto! Comeu da nossa carne? Lógico! Quase tão lógico quanto ao fato de que não iríamos “cainhar” um pedaço de carne para o mesmo (na verdade foram vários pedaços). E olha que o sujeito tem uma situação financeira bastante favorável, bem melhor do que a minha, por exemplo

E foi nesse dia, que me surgiu uma hipotética tese, com a qual, creio ser possível identificar alguém com perfil capitalista. É isso mesmo! Nada de “cainho”, “curu” ou “mão-de-vaca”. O camarada é um capitalista! Portanto, se compactuar da minha opinião, agora você já sabe como identificar um capitalista. Ou seja, da próxima vez que aquele seu amigo, quiser lhe “dar o cano” (no bom sentido da coisa), você não precisa mais taxá-lo de “mão-de-vaca”. Pode simplesmente, considerá-lo um capitalista


Autor: Antonio Marques.



Um comentário:

  1. Muito bom o texto, é extamente assim que pensa a elite capitalista, como diziam as nossas avós: "somente venha a nós, ao vosso reino nada..."

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