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sábado, 5 de novembro de 2022

Decolonialidade - Repensar o eurocentrismo na América Latina

 Os Estudos Decoloniais e as teorias dos movimentos sociais: repensar e denunciar o eurocentrismo epistemológico das ações coletivas na América Latina


Conclusões e reflexões

As teorias dos movimentos sociais têm proporcionado ' possibilidades de análise sobre como as pessoas constroem ', grupos, movimentos, redes e ' formas de associação com o objetivo de alcançarem ' construções identitárias, simbólicas e políticas. Ao atuarem em coletividade, os subalternos produzem ' experiências políticas ' a partir de suas ações quotidianas conjuntas...

Esses mesmos ' encontram nas ruas, nos debates ' e no Estado obstáculos, resistências, oposições que geram ' violências contra suas existências '. 'Os movimentos sociais teriam a possibilidade de ' analisar de maneira ' minuciosa as origens, as necessidades ' e as demandas dessas coletividades. Apesar disso, as epistemologias produzidas ' nas instituições universitárias, voltadas aos estudos dos movimentos sociais, ainda mantêm uma produção de pensamento eurocêntrica, moderna e ocidental.

Esse descuido ' com as particularidades dos movimentos sociais é produzido de modo voluntário ou involuntário, ' fruto do processo colonial. Ao desconsiderar os saberes, as experiências, as construções identitárias, os mecanismos ' de luta contra as estruturas de poder, ' raça, gênero, ' classe ' das periferias, e de luta contra as (mesmas) estruturas ', das favelas, ' e das fronteiras de conhecimento, a mensagem que se passa é que não há, nas instâncias acadêmicas, espaço de escuta e de pensamento de outras vozes para além da's que operam pela lógica de ' reprodução de um conhecimento moderno, mercantil e excludente. 'Este ensaio buscou, com 'os Estudos Decoloniais, proporcionar uma reflexão crítica sobre 'os movimentos sociais que combatam o eurocentrismo da produção de conhecimento ' (grifo nosso).

A intenção de repensar a produção de conhecimento ' procura reconhecer a voz dos subalternos (...) defende que não apenas é possível mas necessário entender a ação ' organizada de maneira decolonial para construir um conhecimento latino-americano dos movimentos sociais autêntico, autônomo, crítico ' e que destrua a colonialidade ' que limita as potencialidades d'a América Latina.

'A decolonialidade serve para ampliar desde 'a academia a discussão sobre 'os movimentos sociais na América Latina enquanto coletividades produtoras de conhecimento. Contudo, ' as epistemologias das teorias dos movimentos sociais ' da perspectiva clássica regional ' ainda não são visibilizadas como deveriam (Carvalho, 2015). A hybris do ponto zero ' do conhecimento questiona conhecimentos ' “universais” ' “deslocalizados” que ' isolam a ' produção epistemológica subalterna na América Latina nas universidades.

Nessa direção, (...) ainda é necessário deslocar ' o lugar onde os paradigmas são pensados (e) repensar os próprios paradigmas: onde estão localizados 'politicamente os movimentos sociais? Em que nível a academia reconhece n'os movimentos sociais novos espaços de diálogos para repensar outras epistemes? Qual o potencial ' da decolonialidade às teorias dos movimentos sociais? Ademais, se esses movimentos sociais advogam pela decolonialidade em seus confrontos políticos, como o fazem?

As veias abertas da América Latina pulsaram fortemente em 2019. No Chile, milhares de jovens manifestantes tomaram as ruas ' contra as medidas neoliberais do governo. Os protestos – marcados por inúmeras repressões da polícia militar Carabineros ' resultaram em mortes, torturas e desaparecimentos – que ' iniciado pelo aumento no preço das passagens do sistema de transporte, incorporou ' pautas como educação, saúde e assistência social, por exemplo.

Foi também no Chile que o coletivo feminista La Tesis denunciou as inúmeras violências sexuais e de gênero ' contra as mulheres chilenas em ' ato simbólico ' que alcançou diversos países. No Equador, as ruas da capital Quito foram tomadas pela população que se indignou contra as medidas de austeridade do governo pelo aumento do preço da gasolina. Milhares de pessoas foram presas e atingidas nesses protestos: crianças, mulheres grávidas, idosos, pessoas com deficiência e jornalistas. Foram ' registrados casos de assassinatos, segundo relatório das Nações Unidas.

As migrações forçadas na região ' não param de crescer ', como se observa no ' fluxo ' da Venezuela para países vizinhos'. Milhões de venezuelanas e venezuelanos – englobando comunidades e ' indígenas – cruzam ' as fronteiras do país em busca de melhores condições de vida e de segurança devido ao caos econômico, político, social e humanitário que assola o país por conta de problemáticas domésticas e internacionais.

Esses são ' alguns acontecimentos que estão borbulhando as sociedades latino-americanas '. Como compreender as ações ' de ' movimentos sociais com distintas características ' e alcances? Quais instrumentos as teorias dos movimentos sociais podem se valer para entender os atuais levantes ' da região? O que a decolonialidade ... pode ensinar para o Ocidente?

A dominação, ' expropriação e ' extermínio das populações, ' pelas mãos de elites nacionais 'e estrangeiras mantêm suas políticas coloniais, modernas, neocapitalistas, patriarcais, sexistas e racistas. A decolonialidade pode ser extremamente útil e necessária ' na abertura de novos caminhos de análise da colonialidade do saber. Poder-se-ia pensar ' a própria exclusão de movimentos sociais e de suas idiossincrasias e, movimentos ' forçados que tomam ações coletivas pela pressão de estruturas coloniais – como um projeto genocida ' do ponto de vista estatal e mercadológico, ' também do lado acadêmico da colonialidade do saber.

Outrossim, ' recentes ' estudos ' reconhecem na academia a epistemologia de migrantes; de mulheres campesinas, negras e indígenas; das reivindicações de crianças na Bolívia, Peru e México; e de outros movimentos multifacetados que têm muito a dizer ' sobre a colonialidade, mas que possuem poucos espaços para se expressarem nas universidades enquanto ' produtores de conhecimento e não meros objetos de análise teórica '. A dificuldade de adentrar as fortalezas universitárias parece dizer mais da academia do que sobre os movimentos sociais em si. Trata-se de uma intensa disputa de (re)ocupar lugares de poder historicamente domesticados e violentados pela colonialidade do saber, do ser e do poder.

Link para o artigo completo junto à REFERÊNCIA abaixo:

DAUER, Gabriel. Os Estudos Decoloniais e as teorias dos movimentos sociais: repensar e denunciar o eurocentrismo epistemológico das ações coletivas na América Latina. Contextualizaciones Latinoamericanas. 126 Año 11, número 22, Enero-Junio. ISSN:2007-2120. Março de 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/339697393_Os_Estudos_Decoloniais_e_as_teorias_dos_movimentos_sociais_repensar_e_denunciar_o_eurocentrismo_epistemologico_das_acoes_coletivas_na_America_Latina. Acessado em 04 de novembro de 2022.


Fonte da imagem serve também como indicação de leitura complementar:
www.blogdoarcanjo.com/2021/04/05/as-veias-abertas-da-america-latina-de-eduardo-galeano-faz-50-anos/



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