Páginas

segunda-feira, 5 de março de 2012

Liberar Maconha?

Nem a favor, nem contra; apenas esclarecendo!
. . . Sua proibição é recente e data de menos de cem anos e, de modo algum foi baseada em critérios científicos e de saúde pública. O veto foi baseado em preceitos morais, econômicos e racistas, já que, como era uma planta consumida por negros e mexicanos nos EUA, ficava mais fácil segregar essas pessoas através da criminalização de um hábito desses grupos.
. . . brilhantes neurocientistas brasileiros, como Sidarta Ribeiro, Renato Malcher e Steves Rehen afirmam que a maconha é uma droga muito mais segura e menos viciante do que o álcool e o tabaco, que a teoria da “porta de entrada” não passa de um mito que, absolutamente, não corresponde à realidade da maioria esmagadora dos usuários, e que a idéia de que a maconha “mata neurônios”, simplesmente, é falsa. Pelo contrário, esses pesquisadores citam pesquisas que concluíram que os princípios ativos da maconha possuem efeito neuroprotetor, com potencial de utilização no combate de doenças como Parkinson e Alzheimer [ . . . ] respectivamente, concluíram, após muitos estudos, que a guerra ao tráfico e a ilegalidade é muito mais danosa à sociedade do que a droga em si.
. . . Ao contrário da maconha , o álcool é uma droga que pode matar por overdose, e nem por isto é ilegal, tendo sido definidas formas responsáveis para o seu consumo. Do mesmo modo que o álcool, estudos mostraram que a maconha não deve ser consumida por crianças e adolescentes, por afetar o desenvolvimento cerebral nessas faixas etárias, e por pessoas com tendências a surtos psicóticos e esquizofrênicos.
. . . O mais importante de tudo é desobstruir o debate. A guerra total às drogas foi perdida, nunca o mundo combateu tanto as drogas e nunca elas foram tão consumidas. Um debate sem tabus, sem moralismos e sem demonizações, baseado em ciência, deve ser realizado a fim de encontrar uma nova maneira de lidar com a maconha, de modo a minimizar seus malefícios, inclusive aqueles relacionados à guerra e ao tráfico, e maximizar seus benefícios.

Cristiano Medri - Biólogo e professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná em Bandeirantes
FOLHA DE LONDRINA, segunda-feira, 5 de março de 2012; p. 2.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço as eventuais colaborações!