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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

O Reino de Jesus seria aqui

A Condenação de Jesus
Artigo de Frei Betto

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        Desde o século XVIII se intensificou o debate sobre o Jesus histórico. O filósofo alemão Hermann Reimarus inaugurou os estudos não confessionais sobre a vida de Jesus.

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        Do ponto de vista histórico, não há muitas certezas a respeito de Jesus, exceto o que nos informam o Novo Testamento, em especial os quatro evangelhos, e alguns autores judeus e romanos'. E ainda hoje perdura uma interrogação: quem foi o responsável por sua morte?
(...)

        Três teses se destacam como principais. A primeira, que os verdadeiros culpados foram os judeus. A segunda, que foram os romanos. A terceira, que a culpa foi de ambos: o Sinédrio – a suprema corte religiosa e política do judaísmo no século I -, como denunciante e acusador, e o interventor romano, o governador Pôncio Pilatos, como juiz e executor.

        'Hoje em dia a Igreja admite que os Evangelhos não são livros de história '. Por isso, é inútil pretender encontrar neles um relato preciso do julgamento de Jesus (...).

        Contudo, MateusMarcos e Lucas concordam em um ponto: Jesus foi preso à noite por uma turba de judeus, que o levou imediatamente para o Sinédrio. Para Lucas, o prisioneiro foi conduzido à casa de Caifás, o Sumo Sacerdote. João acrescenta em seu evangelho que, em apoio aos guardas do Templo, havia uma guarnição romana. Ou seja, os romanos participaram da captura, já que sobre o Nazareno pesava a suspeita de sedição. Afinal, dentro do reino de César ele ousara anunciar outro reino possível – o de Deus, baseado em novas relações pessoais e sociais - o amor e a partilha dos bens.

        Naquela madrugada, o prisioneiro político compareceu à presença de Pilatos para ser julgado. Isso significa que o governador romano já tinha sido avisado e estava decidido a processá-lo.

        Tais circunstâncias induziram muitos autores a concluir que a denúncia teria partido das autoridades judaicas, alarmadas com a atividade do pregador itinerante, que já se tornara conhecido ao expulsar os vendilhões do Templo.

        'Pesava sobre Jesus a acusação de blasfêmia, já que ousara se autoproclamar Messias. Pela ótica dos romanos, de crime de lesa-majestade, já que teria se arvorado em rei dos judeus. Enquanto a primeira ' pouco importava aos judeus, a segunda merecia a pena de morte na cruz.
(...)

        As certezas que temos sobre o Jesus histórico são muito poucas. E pelo que sabemos de sua morte só se pode concluir, com o historiador das religiões, o francês Charles Guignebert, que o Nazareno foi submetido a um julgamento romano, por uma acusação romana, condenado por um juiz romano a uma pena exclusivamente romana, e afixada sobre sua cabeça uma sentença romana ofensiva aos judeus: Iesus Nazarenus Rex Iudeorum (Jesus Nazareno, rei dos judeus). Assim, do ponto de vista puramente histórico a culpa do assassinato de Jesus foi romana.

        Hoje, Jesus continua virtualmente assassinado por todos aqueles que usam em vão o seu nome para legitimar fake news, opressões, governos tirânicos e desigualdades sociais.

Quem interessar em ler o Artigo na íntegra, acessar o link da Referência, ao final.


        Compartilhamos aqui também, um link com um pequeno vídeo no instagram, com uma pequena fala do mesmo Autor do Artigo:


Referência:

Instituto Humanistas Usininos. A Condenação de Jesus. Artigo de Frei Betto. São Leopoldo (R$) - 18/04/2024. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/617832-a-condenacao-de-jesus-artigo-de-frei-betto. Acesso em: 19 ago. 2024.



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