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domingo, 26 de julho de 2020

Pedagogia da Autonomia (PF) - análise...

"saberes necessários à prática educativa"

     Neste título, o professor Paulo Freire nos ensina a ensinar partindo do ser professor. Numa linguagem acessível e didaticamente clara, ele reflete sobre saberes necessários à prática educativa – crítica fundamentada numa ética pedagógica e numa visão de mundo alicerçada em rigorosidade, pesquisa, criticidade, ' humildade, bom senso, tolerância, alegria, curiosidade, esperança, competência, generosidade, disponibilidade '. Nesta obra encontra-se a necessária pedagogia da autonomia, ' que faz parte da própria natureza educativa (...) Ainda nas Primeiras Palavras, o autor explica que a questão da formação do professor ao lado da reflexão sobre a prática da educação progressiva em favor da liberdade do ser dos alunos é a temática central desta obra. Paulo Freire mostra também que este é um livro esperançoso, otimista, porém não é feito de ingenuidade ou de otimismo falso e de esperança vã.

Antes de continuarmos, assistamos ao vídeo abaixo:
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=Ul90heSRYfE&feature=youtu.be

Então continuemos...
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     Não há docência sem discência, “quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender, quem ensina, ensina alguma coisa a alguém” (p. 25). Quando Paulo Freire explana que “Ensinar exige rigorosidade metódica” (p. 28) nos mostra que “O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão” (p. 28), ... O autor nos mostra também que ensinar exige pesquisa, e completa explanando “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” (p. 32). O professor enquanto ensina tem que continuar buscando, re-procurando, o professor tem que indagar e se indagar. Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação, quanto o respeito e o estimulo à capacidade criadora do educando. O educador quando atua tem que ter respeito ao saberes do aluno, respeito aos saberes socialmente consumidos na convivência social dos alunos. E a sociedade mudaria a partir da intervenção da escola na sociedade. “Por que não aproveitar a experiência que tem de viver em áreas da cidade descuidados pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem a saúde” (p. 33). Esta citação completa com clareza a opinião de aproveitar a convivência social dos seus alunos. Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor e ainda mais amplamente a escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos chegam a ela, saberes socialmente construídos na prática comunitária...
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     Antes de ser professor, este tem que ser um educador e para isso tem que agir de forma digna dos seus conceitos e interesses, pois não pode esquecer que são formadores de opinião; o exemplo tem que partir deste. O educador não deve falar “de cima para baixo”, achar que é o dono da verdade. Um educador não deve falar para os educandos, e sim com os educandos, isso só é possível quando o educador sabe escutar. Porém, o escutar não deve ser passivamente ... “Ao produzir o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser ultrapassado por outro amanhã”...
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     O professor não pode, nem deve, limitar a liberdade do aluno, não pode tirar o direito do aluno de ser curioso e inquieto e desta forma a ética aparece no contexto deste professor, ética esta que está em respeitar a autonomia e a dignidade de cada um. É essencial que o professor mantenha sua ética respeitando a individualidade de cada aluno. “o respeito a autonomia e a dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros” (p. 66). O professor tem como necessidade respeitar a autonomia e a identidade de cada educando.
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     Ensinar é uma especificidade humana, o professor deve ser seguro de si, sendo esta a sua maior autoridade, sua segurança e firmeza nas ações e decisões e respeito nas discussões; esta segurança mostra sua autoridade, “creio que uma das qualidades essenciais que a autoridade docente democrática deve revelar em suas relações com as liberdades dos alunos é a segurança em si mesmo” (p. 102). Além da segurança, o professor precisa ser competente, esta competência torna-se necessária à autoridade docente. Esta competência esta ligada ao professor que estuda, que está atento ao que acontece dentro e fora da escola; portanto, a incompetência desqualifica a autonomia. O professor não deve ser autoritário, sempre humilde para assim respeitar os alunos. A arrogância é que faz com que o professor tenha que agir incondicionalmente com seus alunos; o clima de respeito é resultante das relações justas, sérias, humildes, generosas, autênticas. O caráter formador do espaço pedagógico, a autoridade, acaba por restringir a criatividade do educando. Entretanto, a autoridade coerente, democrática é posta na liberdade, pois com autonomia a liberdade ocupa espaço da dependência.

Antes de finalizarmos, assistamos ao vídeo abaixo:

Por fim, finalizemos...

     Paulo Freire é completamente contra a transgressão ética e crítica também o conformismo; cita ainda que o professor tem que ser coerente na tomada de decisões e é contra a neutralidade. Pedagogia da autonomia serve como fonte de conhecimentos para educadores em geral. Relacionando a obra com a teoria marxista, pode-se dizer que nesta ideia ao conceber a existência de contradições raciais que consistiam na existência e convivência de situações opostas, como a dicotomia dominante e dominado, patrão e empregado, progresso e atraso, riqueza e pobreza, Pedagogia da autonomia acaba por contribuir para a fundamentação de uma teoria social muito abrangente ao contemplar elementos dialéticos, elementos da prática política, como a educação. A constatação e a busca de uma educação que revela as estruturas políticas pode mostrar a alienação das massas.

Análise de FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25 ed. São Paulo. Paz e Terra, 1996. p.166 (Coleção leitura)
Realizada por Marlon Messias Santana Cruz Professor da Rede Municipal de Ensino em Janaúba-MG. marlonmessias@hotmail.com
Disponível em cache aqui.

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Indicação de leitura - a própria obra de Paulo Freire "Pedagogia da Autonomia", acesse-a clicando aqui.


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