A revolução nas tecnologias da informação e comunicação, em Santomé (2013)
recorte da Tese de SALLES Filho;
(2016, p. 71 a 73).
Uma visão prospectiva, como deste pesquisador,
contribui para que fenômenos sociais atuais sirvam de bases para olhar adiante,
evitando respostas simples e soluções imediata que desconsiderem tantas
possibilidades futuras nas configurações humanas e sociais. Considerando este
contexto, Santomé (2013) vai tratar das questões urgentes a pensar na realidade
atual, o que chamará de “revoluções”, elencando as seguintes: a revolução na
tecnologia da informação, na ciência, na estrutura das populações e nações, na
economia, na política, nos valores, entre outros.
Iniciamos
refletindo sobre a revolução nas tecnologias da informação e comunicação,
onde Santomé (2013) analisa que, especialmente a partir dos anos 1970, podemos
presenciar o nascimento da era digital, que ao mesmo tempo incorpora novos
elementos da física, depois das neurociências, gerando a explosão atual que
presenciamos. A vasta tecnologia trouxe novos descobrimentos úteis para a saúde,
indústria, transporte e lazer. Porém, junto a este aumento de possibilidades e
alternativas, existem outros e novos problemas que são originados, especialmente
relacionados à desigualdade nas oportunidades de acesso as mesmas. Morin
(2013b) complementa dizendo que, além disso, vimos que o desenvolvimento capitalista
acabou com as redes de convivialidade, ao transformar tudo, inclusive a vida,
em mercadoria. Além disso, a partir de tantas perspectivas, é importante uma
delas que seja analítica, como aponta Santomé (2013, p. 27):
Frente
ao crescimento dos meios de comunicação, do número de portais da internet
destinado a oferecer todo tipo de informação, à complexidade das redes sociais
que crescem constantemente em número de pessoas que se relaciona entre si, urge
uma educação destinada a transformar a subjetividade de quem participa e
recorre a estes meios para se informar e comunicar. Tornar-lhes conscientes de
que não devem se contentar em serem expectadores passivos e silenciosos, mas se
transformar em autênticos cidadãos, seres humanos capazes de expressar, opinar
e avaliar toda a informação à qual têm acesso.
Isso será um
ponto forte sobe a discussão da Cultura de Paz, uma vez que a informação e
comunicação tendem a pautar a vida de grande parte das pessoas, mas justamente
pela alienação e as análises feitas sobre problemas complexos, que requerem
respostas mais adequadas. Grandes grupos de comunicação possuem ideologias e
mensagens que possuem interesses específicos, por isso pautam notícias de
formas diversas e tendenciosas. Os índices da violência apresentados fora de
contexto contribuem para o medo e sensação de insegurança, quando muitas vezes
estão em relativo controle. Assim, um telejornal utiliza um tempo muito maior
para falar da violência, de crimes e tragédias, destinando um tempo quase
inexistente para noticiar alguma ação positiva, solidária ou que promova o bem
e possa ter impacto de mobilização positiva da sociedade.
Neste quadro,
o movimento está além da busca óbvia pela transparência da informação
comunicada, mas no entendimento das perspectivas de pessoas e grupos, nos
interesses em formar certa ideia, ou um conjunto de práticas ou políticas. A
violência estrutural está intimamente ligada à forma como as informações chegam
às grandes massas. Portanto, em relação a essa grande revolução informacional,
precisamos buscar uma abordagem crítica e complexa. Santomé (2013, p. 29)
apresenta uma perspectiva, dizendo:
É
preciso que estejamos muito conscientes de que o conhecimento é informação
refletida, valorizada, sistematizada e posta em ação para produzir ou contribuir
para a melhoria dos processos e das atividades científicas, tecnológicas,
econômicas, culturais, etc.; o melhor caminho para a construção de uma
sociedade mais justa, equitativa, humanista e solidária.
Portanto, ao
acolhermos que a comunicação e informação estão cada vez mais ditando fluxos do
mundo e da vida, reconhecemos que a forma de trata-la deverá ser cada vez mais
aprofundada, desmitificando padrões, questionando o formadores de opinião “clássicos”
e realmente valorizando questões como justiça, humanidade e solidariedade. A
partir destes critérios poderemos supor que esta revolução na comunicação
também traz aspectos novos e importantes para a interação, colaboração e
aprendizagem significativa. Nessa revolução, não há como impedir o acesso às tecnologias,
pois já estão incorporadas à vida, assim como é muito difícil aceitar que
apenas a regulação estas fontes seja a solução. Usar, refletir e trabalhar com
essa gama crescente de informação e comunicação dos últimos anos, de força
coerente, crítica e não preconceituosa poderá colaborar decisivamente com novos
olhares.
Nesta revolução da informação e da comunicação, temos alguns aspectos a considerar no contexto das violências. Primeiro é a sobre o acesso aos bens tecnológicos que possibilitam apreender maior número de saberes. Quanto maior poder aquisitivo, maior possibilidade de recursos melhores e formas de conexão mais rápidas, seguras e ilimitadas. Isso quer dizer que as populações de menor poder aquisitivo serão prejudicadas nesse sentido, não só nos lares como especialmente nos espaços educacionais. Em que pese que inúmeras escolas públicas e projetos sociais tenham seus laboratórios de informática (ou nome similar), as escolas privadas possuem aparelhos mais modernos, como por exemplo, lousas digitais. Isso será determinante para o sucesso de algum sistema de ensino¿ Não! Mas faz a diferença¿ Sim! A pergunta é complexa para uma resposta trivial, e, o que precisamos aceitar é que a tecnologia é muito positiva e importante, embora não seja o único aspecto da educação para o século XXI que busca qualidades humanas nas pessoas. A este respeito, do limite da revolução tecnológica da informação e comunicação, Morin, com base na teoria cibernética, analisa as máquinas e seus efeitos na vida e diz que a “verdadeira ‘sociedade de informação’ baseia-se na capacidade de integrar as informações em um conhecimento pertinente” (MORIN, 2013b, 9. 207). É necessário estar atento e entender a lógica da tecnologia que nos desumaniza, para poder supor uma Cultura de Paz (grifo nosso).
À quem interessar possa, conhecer mais sobre a temática, bem como suas referências, segue a FONTE da postagem com o conteúdo na íntegra: https://tede2.uepg.br/jspui/bitstream/prefix/1211/1/Nei%20Alberto%20Salles%20Filho.pdf. Acessado em 17 de julho de 2021 às 23h.
De nossa parte interessou conhecer/similarizar-se um pouquinho mais com a obra do estimável professor. Integrando-se melhor aos estudos realizados no âmbito da Disciplina "Direitos Humanos e Cultura de Paz na Perspectiva das Epistemologias do Sul", na condição de aluno Especial do PPGCSA (Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais Aplicadas), Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) - turma 2021. Sob a coordenação e orientação do professor Dr. Nei Alberto Salles Filho.
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