Pois bem, compartilho aqui com vocês, minha "teoria" de
Como
identificar um Capitalista:
Para melhor capacitar os eventuais
leitores desta história, no sentido de compreender da melhor forma possível,
minha “tese” de como identificar um capitalista, faz-se necessário
primeiramente que lhes relate algumas outras historinhas
Vou começar pela minha infância. Quando
ainda era molequinho, meu saudoso avô paterno morava num sítio, aqui mesmo
nesta região dos Campos Gerais do Paraná. Onde costumávamos passear com a
família, passar férias colegiais, etc
Recordo-me perfeitamente como eram os
costumes - daquele povo - da família de meu falecido avô e seus circunvizinhos.
Eles repartiam, dividiam-se quase de tudo, quando alguém “carneava” como eles
diziam, ou seja, matava um porco (por exemplo), repartia com os vizinhos,
quando uma família ficava sem leite, porque sua vaca não estava momentaneamente
produzindo, sempre tinha quem lhe provesse, com pelo menos um litro de leite
caipira. E um fornecia mandioca para fulano, que lhe doava hortaliças, outro
cedia feijão crioulo, para o cicrano, que dava uns ovos caipira para o
beltrano. E a vida seguia, sem energia (elétrica é claro), mas com muita
sinergia
Avançando o tempo um pouco mais para
frente, comigo já adolescente, minha avó materna (também saudosa), veio morar
com a gente. E seus costumes eram praticamente os mesmos, apesar de morarmos na
cidade, e de não termos produtos crioulos para dividir com os vizinhos,
repartíamos o que tínhamos, poderia ser um bolo, uma carne assada, ou algo que
tivesse vindo do sítio do meu avô. E os vizinhos faziam o mesmo para conosco. E
minha avó adorava isso. Lembro de que quando uma criança qualquer, oferecia
algo para mim, por exemplo, minha avó já falava: pegue fio, pegue para não deixar cainho
E ela ainda criticava quem não compactuava
desse sistema, dizendo: “fulano é do tipo
só venha, vosso reino nada!”. Se referindo àqueles que não tinham muito o
costume, de estar repartindo as coisas com os vizinhos. E foi praticamente dessa maneira, que eu
fui, digamos, criado
E hoje em dia, ainda percebo as pessoas
realizando essa prática, ela apenas migrou para alguns momentos específicos.
Quando por exemplo, se resolve fazer um churrasco entre amigos, alguma festa em
família, um almoço de Natal com as famílias reunidas, etc
Mas em contrapartida, sempre aparece
alguém de “ratão”, como dizem a rapaziada por aí. Ou quando vai se dividir uma
cervejada no boteco, não é tão raro perceber alguém se esquivando, de “rachar”
a conta, como diz o pessoal. E esse tipo de indivíduo, é logo rotulado de “mão-de-vaca”,
“curu”, e outros termos mais. Talvez porque tenha sido infantilmente um
“cainho”, como diria minha falecida avó
E para não fugir à regra, isso já
aconteceu comigo, e alguns dias atrás, estávamos numa roda de amigos, tomando
uma “gelada”, quando de repente, alguém teve a ideia de que poderíamos comprar
uma carne, para fazermos o tal “tira-gosto”. Logicamente, partiu-se do velho princípio
da partilha, resolvemos associar-nos, popularmente falando, decidimos fazer uma
“vaquinha”, para a compra da carne. E para meu quase espanto, um colega que
estava ao meu lado, disse que não ia poder ficar, que tinha compromisso, e que
por isso não iria colaborar para com a compra da carne
Enfim, os demais reuniram um “cincão”
daqui, um “deizão” dali, sete ou oito reais, de outros mais, e foi comprada a
tal carne. E pouco depois, quando já estávamos a saboreá-la, adivinha quem
reapareceu? Obviamente, o “caro” colega, que quase havia me causado espanto!
Comeu da nossa carne? Lógico! Quase tão lógico quanto ao fato de que não
iríamos “cainhar” um pedaço de carne para o mesmo (na verdade foram vários
pedaços). E olha que o sujeito tem uma situação financeira bastante favorável,
bem melhor do que a minha, por exemplo
E foi nesse dia, que me surgiu uma
hipotética tese, com a qual, creio ser possível identificar alguém com perfil capitalista.
É isso mesmo! Nada de “cainho”, “curu” ou “mão-de-vaca”. O camarada é um
capitalista! Portanto, se compactuar da minha opinião, agora você já sabe como identificar um capitalista. Ou
seja, da próxima vez que aquele seu amigo, quiser lhe “dar o cano” (no bom
sentido da coisa), você não precisa mais taxá-lo de “mão-de-vaca”. Pode
simplesmente, considerá-lo um capitalista
Autor: Antonio
Marques.